domingo, 10 de fevereiro de 2013

SE EU MORRER...

Se eu morrer, sobrevive a mim com tamanha força
que acordarás as fúrias do pálido e do frio,
de sul a sul, ergue teus olhos indeléveis,
de sol a sol sonha através de tua boca cantante.
Não quero que tua risada ou teus passos hesitem.
Não quero que minha herança de alegria morra.
Não me chames. Estou ausente.
Vive em minha ausência como em uma casa.
A ausência é uma casa tão rápida
que dentro passarás pelas paredes
e pendurarás quadros no ar.
A ausência é uma casa tão transparente
que eu, morto, te verei, vivendo,
e se sofreres, meu amor, eu morrerei novamente.


Pablo Neruda

Nem todo amor se desfez... Alguns se construiram em algo novo, porém mais sólido do que antes parecia ser.
Nem todo amor se desfez....Agora ele mora em algum lugar dentro de si, procurando o momento certo pra sair...
Nem todo amor se desfez... Toda hora ele chuta, vibra, chora, e chuva!
Nem todo amor se desfez... Porque amores não se desfazem, eles apenas cedem espaços para outros amores... 

Vivo a buscar toda hora aquela felicidade....
Aquele sorriso...
Aquela mocidade
Que um dia deixei por aí.

Não encontro mais....
No rosto agora só cansaço
De viver em constante desgaste
No qual dois sois agora é só sol
E não há mais duas manhãs.

E todas as hiperboles se foram
E  as metáforas nadaram para longe
E nenhum pronome é chamado
E nenhum verbo é acionado

Ora, porque tanta dor?
Porque já não sei mais lutar...
Porque já não há mais o que tentar...

A vida que era  feita de esperas
Parou!
A mocidade que era alegre
Entristeceu!
O sorriso que estampava o rosto
Apagou!
Deveria estar vivendo o momento mais importante da minha vida, ou melhor, o mais esperado por mim... O dia que eu me tornaria mãe! Todas as expectativas de uma gravidez, ultrassons, a espera pelo bebê, enfim, coisas que todas as mãezinhas fazem e tornam essa experiência a mais rica e maravilhosa de todas.
Bom, como bem disse, deveria, porém, minha gravidez tem sido mais uma prova de fogo do que realmente algo sublime. No ínicio foi o desespero, o despreparo e o desamparo, que aos poucos pareciam se ajeitar. Porém, esse acerto foi dificil, ouvi de todos os lados que era melhor não ter essa criança, mesmo horrorizada mediante a opinião de pessoas que nunca esperei ouvir , resisti a tudo isso e não fui contra meus principios, mesmo sabendo quão dificil seria enfrentar a tudo o que viria sem ter o minimo de estrutura economica e psicológica.  Mas eu jamais abandonaria meu bebê! 
Pois, passamos em frente, e logo veio a complicação, hipertensão e o perigo de eclampsia, algo que ainda me amedronta devido a aproximidade do parto e a instabilidade da minha pressão. Mas quanto a isso, penso que se Deus me proporcionou a vinda de um filho, ele sabe os caminhos que reserva pra mim, e se for pra eu ir, irei! Porém, apesar de pensar assim, todo cuidado é necessário. 
O que mais me incomoda, não é tão somente o passado que tratei resumidamente aqui, o problema de pressão, é sim a intervenção de terceiros em coisas que nem saberemos como se dará. E mais, é a incompreensão, o sentimento de estar só e enquanto todos os outros fecham os olhos para você, e que te tratam mais como uma incubadora viva do que pessoa. 
Hoje a noite, ouvi uma pérola, se eu der uma palmada no meu filho irei ser denunciada por causa da lei. Ora, por que? A responsabilidade de educar uma criança é dos pais e não de terceiros, e se eu e meu marido assim decidirmos que nosso filho mereça uma palmada, porque teremos que nos esbarrar na opinião alheia, ou melhor, na ameaça, porque isso ja ultrapassa a barreira de aconselhamento e opinião. De forma ridicula, porque penso que cada um tem sua vida e que cuide dela, e se você quiser ser avó, avô, tio, tia etc... seja, porém deixe mãe e pai serem mãe e pai, porque só  eles sabem o que é melhor para seu filho.
Eu, por exemplo, tenho uma opinião muito polêmica acerca da Lei da Palmada, uma vez que não fica estabelecido nela o que é a agressão fisica, é algo muito amplo, sem definição clara, e logo, uma palmada  corretiva no bumbum dada no momento certo, pelo motivo certo não expõe a criança há uma situação recorrente de violência. Eu não concordo com espancamento, porém não vejo problema em palmada corretiva dada de forma coerente e educativa. 
Bom, mas voltando ao assunto principal.... Eu não vejo com bons olhos essa intromissão forçada, por exemplo, a mesma pessoa que provocou essa ameaça quer decidir com que roupa meu filho  sairá da sala de cirurgia, com que roupa usará no sétimo dia, se ele tomará ou não mingau, ou melhor, já decidiu que mingau não faz bem e por isso não poderei dar. Mas que diabos, não seria eu quem deveria decidir isso?! Fora a questão do baby chá, outra polêmica  desnecessária se essa pessoa nem está contribuindo com nada do que está sendo  feito, porém se acha no direito de intervir! Além de detalhes tão pequenos porém imensamente irritantes. 
Mas quando eu olho, sabe o que vejo? Estou só, porque não tem ninguém que defenda minha saúde emocional que embora tente ficar de pé, se vê totalmente abalada com tanta intromissão negativa! Eu só queria ser mãe do meu menino e não ter ele para os outros. Vivo a mercê com medo de eclâmpsia, da cirurgia, e parece que as pessoas só querem determinar o que farão do meu filho, passando por cima de mim.
E eu estou  sozinha. Sozinha com meu filho tentando me alegrar dando chutinhos na minha barriga como se demonstrasse que está comigo e que eu tenho mais importancia pra ele do que os demais.

sexta-feira, 23 de março de 2012

Nobody knows it but you've got a secret smile
And you use it only for me
Nobody knows it but you've got a secret smile
And you use it only for me

So use it and prove it
Remove this whirling sadness
I'm losing, I'm bluesing
But you can save me from madness

Nobody knows it but you've got a secret smile
And you use it only for me
Nobody knows it but you've got a secret smile
And you use it only for me

So save me I'm waiting
I'm needing, hear me pleading
And soothe me, improve me
I'm grieving, I'm barely believing now, now

When you are flying around and around the world
And I'm lying alonely
I know there's something sacred and free reserved
And received by me only

domingo, 3 de julho de 2011

Hospital Beneficente Portuguesa e o descaso com a Lei 11.108/05

Sabemos que no Brasil muitas leis são desrespeitadas, as vezes por falta de desconhecimento da população ou simplesmente por não darmos a mínima para o que ditam pois não acreditarmos que sofreremos penalidades. É mais uma lei que enfeita nossa legislação!

Mas um caso que eu presenciei recentemente me faz repensar toda a conjuntura da nossa sociedade. Na madrugada de terça feira, uma amiga entrou em trabalho de parto, e sofremos 7com a via crucis a busca da maternidade que o obstetra dela tinha orientado-a ir. Durante todo percurso vi o sofrimento dela com contrações que iam de 3 em 3 minutos, porém o médico (pilantra) não atendia em nenhuma das maternidades indicadas. Buscamos a central do plano de saúde dela, e lá para nossa surpresa não fazia atendimentos de obstetrícia e nos encaminhou para o Hospital Beneficente Portuguesa ( o qual eu desejava passar longe, por já conhece a deficiência no atendimento), e infelizmente paramos lá.

E lá a situação realmente foi calamitante, pois no pré atendimento só poderia subir uma pessoa por parturiente, algo que eu e minha cunhada forçamos a barra e subimos as duas. Entretanto, ela foi encaminhada para uma outra sala, esta fechada e onde o acompanhante não poderia entrar. O que esbarra na Lei 11.108/05 que assiste as parturientes terem o acompanhante de sua escolha ao seu lado durante o pré, durante e pós parto.

Ao nos depararmos com essa situação, tentamos garantir seus direitos. No entanto no meio do caminho tinha uma auxiliar de enfermagem que rispidamente nos tratou como ignorantes e disse
que era o médico que decidia isso. Sem nos dar informações sobre a situação dela, fechou a porta e foi embora. Na mesma situação que a nossa, estava a mãe de uma parturiente dentro do centro de obstetrícia, e já se encontrava há um tempo na espera que sua neta nascesse, ouvindo do lado de fora, de mãos atadas os gritos de sua filha em trabalho de parto. E logo pensamos, como a nossa amiga deveria estar vendo e ouvindo tudo o que ocorria lá. E os gritos continuavam e ela nos contou que eles não a deixaram entrar e que era angustiante ver a filha sofrer sem poder fazer nada. Realmente, mesmo não sendo da minha família, foi angustiante vê-la sofrer, gritar e não poder no mínimo pegar na mão dela e dizer que tudo ficaria bem.

A situação de negligência não parou por aí, após ouvirmos o choro da nenem, a mesma técnica de enfermagem veio avisa-la que tinha nascido e simplesmente empurrou para mim os documentos da minha amiga para providenciar a internação dela e que o médico ia atende-la. Mas peraí, quais seriam os procedimentos tomados pelo médico!? Como ela estava?! Nada disso foi esclarecido, e eu simplesmente comecei a discutir com ela e pedir a remoção da paciente. E para minha surpresa e com total descaso ela disse que iria providenciar isso. A partir desse momento, eu exigi a presença do médico, confrontando-a dizendo que por lei ela deveria permitir o acompanhante dela na sala do parto e que ela não poderia chegar ordenando alguém a fazer algo sem no mínimo esclarecer do que será realizado. Da maneira certa ou errada, conseguimos que o médico fosse conversar conosco, um pouco sarcástico mas ele nos esclareceu algumas coisas. O que por hora nos tranquilizou.

A mesma senhora que aguardava a filha dela, nos disse que no outro hospital que é conveniado com o SUS permite que um acompanhante esteja ao lado da parturiente em todos os momentos do parto. E que infelizmente, estávamos no lugar errado.

Porém, eu me pergunto: Há uma lei que ampara TODAS as parturientes para que fiquem ao lado de seus acompanhantes, e só por não haver uma punição não quer dizer que ela tenha que ser ignorada, certo?! O cumprimento de uma lei federal deve ser cumprida a risca, e não servir apenas de enfeite para compor nossa legislação!

Fica a critério do médico?! Concordo que o acompanhante tem que ser uma pessoa centrada e que venha para ajudar e não atrapalhar, mas como saber se eles simplesmente não podem entrar?! Como determinar que tal pessoa irá atrapalhar se os médicos não permitirem sua presença?!Para o bom desenvolvimento da parturiente e evitar possíveis situações como a depressão pós parto, permitir o que é garantido por lei é necessário!

Após toda essa situação instalada, houve a permissão que minha cunhada pudesse acompanha-la durante a cesárea (que o médico não queria fazer) e que durante todo o processo cirúrgico ficou reclamando sobre a desnecessidade da cirurgia, que o certo era fazer parto normal. Mas ora, para o bem estar da mulher ... quem deve decidir isso é ela, e não só o médico. Se há condições de se fazer cesarea e a mulher quer, por que não faze-la?!

Mas tarde, durante a conversa ela nos descreveu os momentos de pânico vividos dentro daquela sala sozinha, enquanto não haviam permitido que sua acompanhante entrasse e sem nenhuma pessoa da equipe médica dar assistência a ela, nem para tentar amenizar o nervosismo sentido pelo nascimento de seu primeiro filho. Disse-me que a todo momento pedia para que deixasse minha cunhada entrar, que ela não faria nada de errado e ficaria quietinha. Que chorou desesperada com medo de que acabassem por conduzi-la ao parto normal, seu maior temor.

E a grande contradição, é que na frente da sala de obstetrícia tem um quadro com uma manchete falando sobre o parto humanizado. Será que realmente é um parto humanizado?! Por que a sensibilidade da equipe médica com ela e pelos relatos que pude ouvir das outras, não existiam!

Após esse fatídico episódio esse hospital se antes já não era bem visto por mim, agora é menos ainda, e não desejo que ninguém passe o mesmo. Penso que no momento mais importante para a mulher, o momento marcado pelo nascimento do seu filho, ficar sozinha sofrendo todas as dores possiveis e imaginaveis sem nenhuma estrutura de apoio psicologico é senão uma experiência traumatizante!

Dificil ver sentido naquilo que nem chegar perto de não fazer sentido faz!